A balança comercial brasileira registrou superávit de 1,189 bilhão de dólares na terceira semana do mês, de acordo com dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex).
Esse foi um bom resultado para um setor que ainda enfrenta dificuldades em decorrência do avanço da pandemia da covid-19, principalmente no Brasil, que enfrenta restrições ainda mais rigorosas no período.
O aumento das exportações foi puxado pelo crescimento das vendas dos seguintes produtos da indústria extrativista: minério de ferro e seus concentrados (129,4%); óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (43,1%); minérios de cobre e seus concentrados (148,1%); minérios de níquel e seus concentrados (95,0%) e pedra, areia e cascalho (38,2%).
Em todo o planeta, a pandemia prejudicou o comércio internacional, promovendo escassez de contêineres em diversas regiões e a consequente elevação do custo de frete das mercadorias.
Em análise ampla, o volume do comércio global sofreu uma queda de 1% em 2020, em comparação com o ano anterior. Mas esse número não reflete a maneira como o período se desdobrou: com uma queda de mais de 12% entre abril e maio seguida de uma retomada igualmente dramática.
O sistema não conseguiu se ajustar, contêineres foram enviados a lugares errados e o preço dos fretes alcançaram altas consideráveis.
Nas últimas semanas, os portos sofreram com inúmeras transferências, omissões, falta de espaço, dificuldades operacionais e congestionamentos.
Houve um aumento expressivo na demanda de exportação como um todo e, como os armadores trabalham em joint, os navios encheram rapidamente, de maneira exponencial.
Como a situação segue complexa em diversos países, a previsão é que o preço do frete continue sofrendo aumentos em abril e maio, dependendo da região considerada.
Na América do Sul, o Tratado de Assunção, que criou o Mercosul, comemora 30 anos esta semana. Em quase três décadas de existência, o processo de integração dos países do Cone Sul alternou períodos de forte expansão e estagnação, tanto do ponto de vista econômico quanto institucional, mas é necessário um longo caminho para a retomada da importância desse acordo para a região.
Vamos agora aos destaques internacionais da importação no período de março:
China
Enquanto a escassez de contêineres e falta de espaço seguem predominantes na Índia, na Europa e nos EUA, a China já mostra um cenário mais tranquilo.
Há mais disponibilidade de equipamentos, bem como espaço nos navios. Os fretes estão caindo desde o final de fevereiro, e ainda assim, muitos importadores esperam para liberar seus pedidos, na expectativa que essa tendência de queda seja ainda maior nas próximas semanas.
No final de 2020, muitos importadores se viram obrigados a embarcar mesmo com os altos preços de frete e estão sentindo o impacto agora. Com a alta do dólar somando a esse cenário, muitos importadores estão em situação de risco financeiro, já que nem sempre é possível repassar esses aumentos nos valores de suas mercadorias.
De acordo com especialistas, a desaceleração efetiva desses fretes para o mês de abril dependerá da economia, do ritmo das vacinações e das demandas globais.
Índia
Estoque e espaço são os maiores desafios das operadoras indianas no momento, devido à diminuição das importações da China para a Índia. Os armadores estão aumentando as taxas, assim como estão usando o máximo de espaço e estoque para negócios de alta receita.
A validade das reservas estão sendo consideradas de apenas 2 ou 3 dias e taxas de cancelamento serão aplicáveis a partir desse prazo.
O free time também foi reduzido e há grande dificuldade para negociação junto aos armadores. Alguns oferecem serviços chamados ‘’Sea Priority’’ com valores bem mais altos, para que seja possível a liberação do espaço e possibilidade de retirada do vazio.
Alemanha
Depois de 3 meses de intenso lockdown, a Alemanha passa por um período de restrições menores. O aumento de casos de contaminados por covid-19 no país indicam que uma terceira onda de contaminação pode levar a um novo ciclo de isolamento social rigído.
O principal problema que se enfrenta no norte da Europa são os atrasos de navios, overbookings, falta de capacidade de armazenamento e restrições de terminais.
Essa é a realidade nos principais portos da Alemanha, onde armadores ainda aceitam bookings para abril, sendo que a maioria das opções são apenas para o mês de maio.
França
A situação é caótica nos principais portos da França, onde os armadores adotam políticas de redução de free time, além de aumento de taxas e fretes.
A situação do vazio continua difícil com a forte demanda chinesa e há muita restrição de espaço, com poucas possibilidades em abril. A grande maioria dos armadores oferece opção apenas para maio.
Turquia
Há muita falta de espaço e os armadores não conseguem mensurar para quando conseguem liberar bookings.
O motivo para não receber a confirmação de novas reservas não é apenas a falta de equipamentos, mas o fato de todas as transportadoras terem diminuído as alocações para a América do Sul.
Muitas operadoras deixaram de aceitar reservas para o Brasil ou não conseguiram confirmar novas reservas devido a congestionamentos nos portos de transbordo, falta de equipamentos ou problemas de espaço.
Itália
A situação da Itália é preocupante. O aumento do número de casos de pessoas infectadas pelo coronavírus está crescendo e o governo introduziu novas restrições relacionadas ao fechamento total de lojas, restaurantes e bares.
No setor de logística, a maior questão é encontrar espaços e centros vazios. Fretes e taxas como EBS (Bunker Surcharge) e PSS (Peak Season Surcharge) também estão aumentando. Para abril, a estimativa é que esses valores sejam maiores do que foi aplicado em março.
EUA
Não há como diminuir o congestionamento dos terminais americanos. Os padrões de compra alterados pela pandemia combinado aos surtos da covid-19 nos operadores de portos e a escassez de equipamentos para contêineres, criou um cenário de caos nos portos da região.
O site de rastreamento de navios MarineTraffic indica que, dos 10 maiores portos da América do Norte, 3 apresentam grandes acúmulos de navios.
Na costa leste, o congestionamento é menor, mas ainda há bolsões de tráfego pesado, principalmente no porto de Savannah.
Apesar das tentativas de retomada do fluxo normal, especialistas do mercado afirmam que a diminuição no volume continue até o começo do segundo semestre do ano.
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