O ano de 2021 foi marcado pela recuperação da economia mundial após uma forte retração no nível de produção global, gerando aumento na demanda por transporte de carga. No entanto, a variante Ômicron do coronavírus tem impactado diversos agentes da cadeia de suprimentos, como terminais de transporte marítimo, companhias de transporte rodoviário e armazéns. Isso tem causado o aumento do congestionamento e atrasos. Analistas do setor preveem que as próximas semanas serão bem desafiadoras para os terminais e as operações portuárias da região.
Além do aumento de volume de carga e o impacto da variante Ômicron nas operações, a falta de motoristas de caminhão é preocupante. Segundo a American Trucking Association, a estimativa é que a escassez seja de cerca de 80 mil motoristas com base na demanda atual de frete.
Outro fator que impacta o cenário do comércio exterior é o lockdown realizado com o objetivo de conter o surto de covid-19 em algumas das maiores cidades portuárias na China, como Shanghai, Dalian, Tiajin e Shenzhen.
A situação dos portos dos Estados Unidos
A maioria dos terminais portuários estão enfrentando problemas de congestionamento, como Los Angeles, Long Beach, Savannah, Charleston, Miami, Houston, Seattle, devido ao crescimento de volume de carga e escassez de mão-de-obra.
Os portos norte-americanos já vêm enfrentando congestionamentos na atracação, agravados continuamente pela chegada de novos volumes de carga. Assim, o escoamento das cargas e a normalização das operações se apresentam como um desafio.
Acompanhe a seguir o panorama e o tempo de espera dos portos e ferrovias dos Estados Unidos.
Costa Leste dos Estados Unidos
Em Nova York/ New Jersey, o tempo de espera da embarcação é de até 3 meses devido ao alto volume de importações e à paralisação de um guindaste na APM Terminal. A região também enfrenta problemas climáticos decorrentes da tempestade de neve que atinge boa parte da Costa Leste dos Estados Unidos desde a última semana.
No caso de Filadélfia, o tempo de espera da embarcação é de até 2 dias. Os motivos do atraso incluem o alto volume de importações e os problemas climáticos, além da escassez de mão-de-obra devido à covid-19.
Em Savannah, o período de espera é de até 2 dias em decorrência do aumento de volume de importação, da tempestade de neve, da falta de mão-de-obra e do atraso da embarcação em relação à janela de atracação acordada (off proforma). As operadoras estão adiantando a data de cut-off com pouco ou sem aviso prévio, impactando as operações. Para lidar com a falta de espaço dos terminais, o porto abriu um novo ponto de armazenamento de contêineres.
Em Charleston, o tempo médio de espera é de até 9 dias, impactado pela escassez de mão-de-obra, pelo alto volume de importação e pela tempestade de neve. Na quinta-feira (02/02), 19 navios porta contêineres aguardavam em alto mar para atracar, um aumento de 40% em comparação com a última semana de dezembro.
Já em Post Everglades e Miami, o tempo de espera da embarcação é de até 5 dias, em razão do alto volume de importações e da falta de equipamentos, causando atrasos na Estação de Carga de Contêineres e na coleta. As alocações e blank sailings estão afetando os serviços do Miami International Airport (MIA).
Costa Oeste dos Estados Unidos
Em Long Beach, o período de espera é de até 43 dias devido ao aumento de carga de importações e à falta de mão de obra. A utilização do pátio do Terminal TTI está em 65% da capacidade.
Já Los Angeles está com tempo de espera de até 35 dias em decorrência do congestionamento no pátio, da alta de importações e da falta de mão-de-obra. O pátio APM está utilizando 65% da capacidade.
A falta de mão-de-obra foi intensificada pelas ausências relacionadas à covid-19. Cerca de 10% da força de trabalho diária foi reduzida nos portos de Los Angeles e Long Beach em janeiro.
O aumento expressivo da demanda de transporte de carga provoca filas para as embarcações entrarem no porto. Nos últimos dois meses, o tempo de espera foi de aproximadamente 100 dias. Em 2021, o porto de Los Angeles ultrapassou aproximadamente 10,7 milhões de TEUs, um aumento de 13% comparado ao mesmo período do ano passado. Já o porto de Long Beach movimentou 9,38 TEUs em 2021, um aumento de 15,7% em relação a 2020.
Em Seattle, o tempo de espera da embarcação é de 7 dias devido ao alto volume de importação e falta de mão-de-obra. Os terminais de contêineres estão mais congestionados e muitos contêineres estão estocados há meses em uma área fechada aguardando o transporte por caminhões. Todas as operações estão atrasadas em torno de um mês e os transit times estão mais longos em relação às semanas passadas.
Já em Oakland, o período de espera de até 12 dias foi impactado pelo aumento do volume de importação, escassez de mão-de-obra e pela falta de uma área de atracação, com uma enorme quantidade de contêineres vazios nos terminais esperando serem devolvidos para a Ásia. Por conta disso, os navios que desejam atracar em Oakland estão aguardando no mar, atrasando a operação.
Costa do Golfo dos Estados Unidos
Em Houston, o período de espera é de até 6 dias, devido ao aumento do volume de importação, à falta de mão-de-obra e ao congestionamento no porto.
Para ajudá-los na localização de cada área, segue um indicativo dos principais portos e warehouses por região.
Atualizações do Terminal Ferroviário
BNSF & UP/LAX/LGB está passando por um congestionamento severo. A capacidade e reserva limitadas, restrições, escassez de vagões continuam, provocando atrasos crescentes nas unidades ferroviárias de importação. Neste momento, a alocação está limitada. Em Los Angeles, os contêineres esperam em média 16 dias antes de serem recolhidos.
Em Chicago Rail Ramp, há um congestionamento severo provocado pela falta de contêineres e chassis. As localidades G3 e G4 permitem somente a abertura de 10 vagas diariamente, causando grande acúmulo de contêineres para importação. Além disso, existem restrições nos gates e suspensão de faixas, aumentando os atrasos nas coletas e entregas. Estão em monitoramento contínuo para a realização do in-gate com alocação ou reservas.
Nova York/ New Jersey sofre com a escassez de chassis devido ao aumento no volume de importação.
Philadelphia e Charleston apresentam também escassez de chassis e atrasos prolongados na coleta, entrega e transporte nas instalações ferroviárias.
Savannah continua congestionada e com atraso, a falta de chassis e equipamentos continua a afetar as operações.
Tanto a operação de Jacksonville quanto a de Miami apresentam problemas de congestionamento. O fechamento da Ferrovia da Costa Leste da Flórida há duas semanas atrasou as operações, causando elevado volume de tráfego e aumento do tempo de permanência no terminal. A falta de equipamentos na Flórida exige enorme esforço das transportadoras para manter os serviços, pois a rotatividade de contêineres que chegam ao local está menor. A maioria das cargas está atrasada em média de uma a duas semanas.
Em Seattle, há congestionamento devido ao aumento da espera da carga ferroviária de importação. O atraso é de até 10 dias para cargas com destino à Chicago. A maioria dos caminhões são reservados com 2 semanas ou mais de antecedência e com a capacidade limite de transporte.
Já em Houston/ Dallas, há uma severa falta de chassi e congestionamento contínuo na área. Encontrar caminhoneiros disponíveis se tornou um desafio, já que as viagens têm sido reservadas com 2 a 3 semanas de antecedência.
Disponibilidade de Equipamentos
A falta de chassi é um desafio para todas as regiões dos Estados Unidos e se deve à divisão do sistema modal, à gravidade da pandemia de covid-19 e à falta de capacidade em diferentes níveis da cadeia de suprimentos. Além disso, a disponibilidade de equipamentos continua sendo um problema em Atlanta, Chicago, Cincinnati, Columbus, Detroit, Cidade do Kansas, Minneapolis, Memphis, Nashville, Omaha, Saint Louis, Sul da Flórida e Seattle.
O sistema de transporte rodoviário também está saturado. Sua capacidade de acomodação, de menos de 74% do volume de carga, é um problema na Costa Leste, desde Nova York até Flórida, e na Costa do Golfo, afetando Louisiana e Texas.
A pandemia continua a criar desafios para o comércio exterior. A situação demanda um alto nível de flexibilidade e cooperação entre os agentes da logística internacional para obter uma melhor resposta às crises. A falta de mão de obra mostra que reestruturar a cadeia de suprimentos e torná-la sustentável novamente é um desafio.
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