O bloqueio escalonado de Xangai para conter a maior onda de COVID-19 desde os primeiros dias da pandemia está atingindo o movimento de cargas. À medida que foi estendida indefinidamente, lança incertezas sobre as cadeias de suprimentos chinesas.
As severas restrições na metade leste da cidade, incluindo Pudong, deveriam ser suspensas na sexta-feira, mas quase todas as áreas permanecem fechadas e as autoridades locais não deram prazo para seu fim, além de dizer que as ações seriam feitas em etapas.
No transporte aéreo, os aeroportos de Shanghai Pudong e da cidade de Shanghai Hongqiao estão funcionando, mas com capacidade muito limitada e principalmente para voos de passageiros. As companhias que operam no local já relataram cancelamento de voos nesse período.
Durante o bloqueio, as transportadoras não podem usar as estradas para o aeroporto de Shanghai Pudong, o principal centro de carga. Assim que os bloqueios forem suspensos, os caminhões sem certificado de teste COVID negativo dentro de 48 horas não poderão cruzar a fronteira entre as províncias, o que pode trazer mais alguns atrasos para as operações.
Os fornecedores de logística dizem que estão tentando avaliar qual atividade de carga aérea é possível durante o bloqueio, já que o processamento alfandegário será mais lento, pois as autoridades chinesas estão aceitando apenas declarações eletrônicas e não estão realizando outros serviços, como inspeções de carga.
Essas medidas restritivas ocorrem quando o setor de carga aérea enfrentava a perda de capacidade de transporte e a escalada dos preços dos combustíveis devido à guerra Rússia-Ucrânia. As sanções ocidentais tiraram do mercado as companhias aéreas de carga russas e a Rússia bloqueou seu espaço aéreo para sobrevoos, aumentando as rotas entre a Europa e a Ásia. As restrições pandêmicas e a perda da oferta de transporte combinada com os custos operacionais mais altos elevaram as taxas de carga no mês passado.
Já no transporte marítimo, as políticas de controle de Jiangsu, Zhejiang e Anhui para os transportes de carros e caminhões de Xangai e o fechamento de alguns pátios e armazéns na área portuária, implicam em muitos obstáculos, seja de Xangai ou fora da cidade até o porto de Xangai.
Estima-se que esse impacto durará pelo menos 14 dias.
Os portos podem operar em condição de circuito fechado, onde os trabalhadores dormem no local. Apesar da situação, o Shanghai International Port Group (SIPG) disse à mídia local que o porto estava mantendo operações normais de 24 horas e que o tempo médio de espera para navios porta-contêineres era inferior a um dia.
À medida que as incertezas em torno do porto de Shangai se acumulam, alguns volumes podem mudar para o porto de Ningbo, nas proximidades, disseram especialistas. Com isso, os portos de destino nos EUA e na Europa podem esperar alguma estagnada na movimentação dos volumes nas próximas semanas, seguida por um aumento que seria outro desafio para os portos já congestionados.
