O pós-ano novo chinês trouxe um momento de calma para os portos na região, o que ajudou a aliviar o congestionamento, mas os atrasos no trânsito das cargas e a escassez de contêineres ainda são presentes no país.
Ainda é possível observar blank sailings na região e grandes volumes de carga que foram rolados antes do feriado ainda estão ocupando espaço para embarques.
Apesar de ter um número relativamente baixo de casos em comparação com muitos outros lugares da Ásia, o país se mantém firme à sua abordagem zero Covid.
Em Ningbo já é estimado que muitos navios devem ficar atrasados nas próximas semanas, e o problema de espaço permanece tão complexo como antes do feriado.
Casos de Covid-19 foram relatados nas principais cidades portuárias de Shenzhen, Tianjin e Ningbo, bem como no centro industrial de Xi’an, resultando em bloqueios e restrições nos maiores centros portuários. Em Shenzen, as restrições causam atrasos locais para fábricas e transportes.
Como o mercado está reagindo
A questão é que a pandemia revelou como a cadeia de suprimentos se tornou enxuta. E há pouca margem para erro.
A grande importância da China no que diz respeito ao comércio global significa que qualquer pequena interrupção na China terá um efeito cascata em toda a cadeia de suprimentos.
A China possui infraestrutura necessária para resolver esses congestionamentos criados pelas interrupções rapidamente, porém o impacto de atrasos é sentido rapidamente do outro lado do oceano.
É por isso que, enquanto a China mantiver essa postura rígida de zero Covid, haverá uma interrupção de tempos em tempos ao longo do ano.
Com o cenário dos portos na China, nos EUA e outras regiões importantes para o comércio internacional de mercadorias, os especialistas apontam como solução uma força-tarefa que envolva investimento, tecnologia e uma reformulação de acordos para negócios globais.
Em uma pesquisa recente com mais de 3.000 executivos realizada pela consultoria Alix Partners, menos da metade disse que estava tomando ações de longo prazo para aliviar os desafios da cadeia de suprimentos, enquanto a maioria disse que estava contando com medidas de curto prazo. Independe da abordagem utilizada para fazer negócios durante a crise, 75% dos entrevistados estavam céticos de que seus planos seriam eficazes.
Hoje, todas as empresas que atuam no setor de logística internacional buscam obter maior controle sobre crises, aprenderam com as dificuldades dos últimos dois anos.
Há investimentos na logística do lado terrestre. Há investimentos do lado do terminal. Mas, os especialistas acreditam que a pandemia apenas ressaltou como essas melhorias estavam atrasadas.
Além disso, importadores e exportadores aprenderam como nunca a importância de um bom planejamento. Esse é o pilar que, além de contribuir para que os riscos e imprevistos sejam minimizados, também ajuda a manter a organização e fluidez das atividades. Planejar embarques e estoques, por exemplo, é uma boa alternativa.
Com esse cenário, as empresas estão revisando a política de manter o estoque just in time, uma vez que ela se tornou arriscada no cenário recente.
Entender que imprevistos podem acontecer e lidar com os recursos disponíveis no momento e utilizá-los ao máximo, também é um bom caminho, já que muitas situações podem ocorrer fora do planejamento, especialmente no contexto atual.
Explorar a tecnologia, automatizar os processos e contar com empresas que também estão inovando em suas operações pode ajudar a tornar tudo mais ágil e eficiente.
E, claro, se mantenha atento e informado com tudo que está acontecendo no mercado.
Como está o preço do frete diante desse cenário?
De acordo com o World Container Index, da consultoria Drewry, há uma leve queda no valor médio do frete global, mas ele permanece 80% maior do que há um ano, o que mostra que a crise ainda se reflete nos negócios em 2022.
O índice avaliado pela Drewry no acumulado do ano, é de US$ 9.468 por contêiner de 40 pés, o que é US$ 6.486 superior à média de cinco anos de US$ 2.982 por contêiner de 40 pés.