Este mês, a Pluscargo reúne seus especialistas para falar sobre o cenário de Comércio Exterior para 2020. Cassio Torres, diretor da Pluscargo, explica os principais números do mercado e qual é o cenário do comércio exterior brasileiro aguardado para 2020.
Incerteza. Essa é palavra que define hoje o cenário do comércio exterior brasileiro em 2020. Os acontecimentos de 2019 ainda impedem que seja traçada uma expectativa mais precisa do fluxo de negócios, segundo o diretor comercial da Pluscargo Brasil, Cassio Torres.
“O comércio exterior brasileiro ainda não decolou em 2019. A partir do 3.º trimestre houve uma forte desaceleração em relação ao 1º semestre.
Há vários motivos para isso: alta do dólar; Guerra Comercial entre Estados Unidos e China; crise na Argentina; e outros. Esses fatores puxam para baixo a confiança do empresariado. Por isso, hoje o cenário está mais indefinido do que nunca. Até para o FMI (Fundo Monetário Internacional) está nebuloso, já que alterou a expectativa de crescimento do Brasil em 2019 de 2,5%, em janeiro, para 0,9% em outubro”, detalha o executivo.
O próprio resultado do comércio exterior brasileiro também não está animador em 2019. No acumulado do ano, até a quarta semana de novembro, as exportações brasileiras totalizaram US$ 195,217 bilhões, uma queda de 10,4% em relação ao mesmo período de 2018 (US$ 215,986 bilhões). As exportações somam US$ 161,395 bilhões, queda de 3,1% se comparada à mesma época de 2018, quando estava em US$ 165,083 bilhões.
Na opinião de Torres, não há fator único, já que também há as questões internas. “A reforma da previdência demorou mais que o esperado e ainda não foi iniciada a reforma tributária. A decisão do Supremo Tribunal Federal em relação à prisão em segunda instância também impactou na questão cambial”, enumera.
Segundo ele, isso afeta as pequenas e médias empresas que dependem da cotação dólar para importar. Com isso, há uma queda em toda a cadeia. “Um panorama mais definido depende de muitos fatores que não podemos ter controle”.
O executivo diz que embora não seja possível projetar um crescimento, o cenário também não é apocalíptico. “Ao mesmo tempo, houve avanços nos acordos plurais, como o fechado com entre o Mercosul e a União Europeia, além das negociações com Estados Unidos, Índia e demais membros do BRICs, por exemplo”.
Porém, segundo o executivo, os resultados desses acordos serão vistos somente em aproximadamente dois anos. “Veremos mudanças nesses prazos. Acredito que haverá uma menor concentração em alguns mercados, como ocorre hoje com o Far East, que representa 45% das importações. Teremos diversificação e mudança geopolítica. É possível que seja reduzido volumes com China, Estados Unidos e Argentina e ampliado os negócios com outros países”, conclui.
Cargas Marítimas Contêinerizadas em TEU (contêiner de 20 pés) – Fonte: Datamar
Importações Brasileiras
Jan – Set 2019 | Jan – Set 2018 | Variação | |
Volume total | 1,799 milhão | 1,731 milhão | + 3,95% * |
Agentes de carga | 1,039 milhão | 1,037 milhão | + 0,23%** |
* Nos mesmos meses, o crescimento de 2017 para 2018 foi de 11,35%
** Nos mesmos meses, o crescimento de 2017 para 2018 foi de 13,24%
Exportações Brasileiras
Jan – Set 2019 | Jan – Set 2018 | Variação | |
Volume total | 1,499 milhão | 1,438 milhão | + 4,22% |
Agentes de carga | 505.402 | 542.867 | – 6,90% |
Avaliando os números acima, mesmo como um cenário político-econômico instável, o país registrou crescimento em relação ao ano anterior (o qual já havia registrado crescimento significativo).
Podemos também perceber que a incidência da contratação do agente de cargas ainda é muito maior para a importação (que demanda uma maior atenção e diferencial de coordenação dos processos) e esse volume controlado pelos agentes registrou crescimento superior ao constatado pelo mercado.
Na exportação o movimento é semelhante, mas a utilização dos agentes de carga é menor em relação à importação.
Para a Pluscargo, isso trouxe o seguinte cenário:
- Para importação, a empresa subiu para 29º posição do Ranking de Forwarders (contra 34º no mesmo período do ano passado), que representa um crescimento de 4% em relação ao ano anterior;
- Na exportação, A Pluscargo está na posição 48º no Ranking de Forwarders contra 52º no último ano no mesmo período.
Na onda desse crescimento, a indústria como um todo voltou a investir.
Para armadores, é possível observar investimentos no corredor Ásia x América do Sul por meio de lançamento de serviços próprios ou com investimentos na compra de embarcações maiores (caso da COSCO).
Isso mostra uma forte mudança dessas empresas que estavam reduzindo a oferta de espaços anteriormente e agora apostam no seguido crescimento da região, medida que confirma a aposta da recuperação e confiança no crescimento contínuo.
O Brasil é um país que depende da importação de vários bens de consumo e, com a recuperação esperada da economia, a tendência é de manutenção da ascendência da curva de desempenho do mercado para os próximos anos.