Por Ecio Costa, professor e economista
O desempenho do PIB da Zona do Euro no segundo trimestre foi revisado de um crescimento de 0,3% para 0,1% em relação ao primeiro trimestre. Na comparação anual, o PIB do bloco avançou 0,5% no período. Os dados foram divulgados após uma revisão feita pela Eurostat, a agência de estatísticas oficial da União Europeia. A leitura anterior tinha apresentado uma expansão de 0,3% mas, na comparação anual, o PIB avançou apenas 0,5% que é muito baixo e que ainda assim foi uma revisão para baixo em relação à estimativa anterior de crescimento de 0,6%.
A Eurostat também ajustou o desempenho da atividade econômica da Zona do Euro para o primeiro trimestre, de uma estagnação em relação aos três meses anteriores para um aumento também de apenas 0,1%. Na avaliação anual passou de um avanço de 1% para 1,1%, mas a situação por lá anda bastante complicada.
A economia está num processo de elevação de taxa de juros contínua já chegando aos 3,75% com uma inflação persistente que está em 5,3% e deve passar por novas elevações de taxas de juros. A inflação da Zona do Euro em agosto ficou estável em relação ao mês anterior, mas acumulou 5,3% na comparação anual e se manteve estável em relação a julho. O dado é preocupante porque a inflação não tem mostrado sinais claros de desaceleração.
No mês de agosto alimentos, álcool e tabaco registraram pequena desaceleração (9,8% ante 10,8% de julho) seguidos pelos serviços (5,5% versus 5,6%), bens industriais não energéticos (4,8% contra 5,0%) e energia (-3,3% ante -6,1%), mas ainda se mantendo em patamares muito elevados.
Na comparação mensal o índice de preços ao consumidor subiu 0,6% acelerando em relação à queda de 0,1% do mês de julho. Já o núcleo, que exclui as categorias mais voláteis de alimentos e energia, desacelerou para 5,3% na base anual em relação a 5,5% do mês de julho.
A situação indica uma forte desaceleração da região, que pode ser corroborada ao analisar o Índice de Compras dos Gerentes (PMI) composto da Zona do Euro. O PMI ficou no menor nível em 33 meses em agosto, ou seja, desde agosto de 2020, chegando ao patamar de 46,7, segundo dados da S&P Global e do Hamburg Commercial Bank. Um PMI abaixo de 50 representa contração na atividade. O índice composto inclui dados do setor industrial e do setor de serviços.
A Zona do Euro vem passando por dificuldades econômicas desde a pandemia e pode passar por mais dificuldades ainda agora quando o verão europeu passar e o inverno chegar, porque vai ter um custo bastante elevado para aquisição de combustíveis para aquecer as residências em a toda a região da Zona do Euro e os preços do petróleo já estão em elevação, o que deve também acontecer com o Gás Natural.
A Zona do Euro não entrou em recessão na primeira parte do ano, mas o segundo semestre apresenta um desafio bem maior. O setor de serviços que estava estabilizado transformou-se num obstáculo para a economia, enquanto a indústria transformadora provavelmente ainda não atingiu o seu nível mais baixo. Esses números decepcionantes contribuem para uma redução do PIB, para, segundo estimativas, uma queda de 0,1% no terceiro trimestre, podendo, isso se repetindo no quarto trimestre, fazer com que a economia entre em recessão.