Os portos em todo o mundo ainda sofrem com congestionamentos e a situação em outubro é alarmante, atravancando as cadeias de suprimentos mundiais, ameaçando prejudicar a temporada de compras de fim de ano e deixando empresários preocupados com a questão de preços e ganhos da temporada.
Na semana passada, cerca de 107 navios porta-contêineres aguardavam para atracar em Hong Kong e Shenzhen. O engavetamento piorou quando um tufão passou por Hong Kong no meio da semana, fechando a bolsa de valores e paralisando portos na região.
Esse é apenas mais um sinal da situação global. O clima muitas vezes interrompe o transporte marítimo, essa ocorrência simplesmente agravou os problemas causados por congestionamentos anteriores registrados desde o início da pandemia. De acordo com os dados levantados pela RBC Capital Markets, 77% dos portos estão enfrentando tempos longos para recuperar o tráfego.
O aumento da demanda por produtos de consumo na retomada econômica de diversos países, a desestabilização induzida pela covid e a escassez de trabalhadores portuários e motoristas de caminhão se associaram para prorrogar os tempos de espera nos portos.
O atraso na operação dos portos também provoca consequências no restante da cadeia logística, sendo percebida na descarga e serviços de abastecimento e manutenção ao navio, nos serviços de frete, de transporte rodoviário e ferroviário e de armazenagem, elevando o problema da falta de espaço e dos custos do transporte de carga.
Agora, o destaque das principais regiões portuárias:
Europa
Há longos períodos de espera para os navios nos portos de Hamburgo e de Antuérpia. Os armadores indicam disponibilidade de espaço para novos pedidos para final de Novembro, pois além do espaço restrito, a falta de equipamento ainda é um agravante.
Mesmo quando as embarcações não têm de esperar por dias no mar, pode haver outros problemas, como é o caso do porto de Rotterdam, na Holanda, e no porto de Felixstowe, no Reino Unido, onde a falta de motoristas de caminhão ou o congestionamento das vias para o interior do país desacelerou o avanço das cargas. Até o final da semana passada, Felixstowe continuava como o porto britânico mais gravemente afetado, com dois navios ancorados à espera de um atracadouro.
Outro destaque é na região da Itália, que apresenta situação crítica há semanas por conta da falta de contêineres e espaços para embarcações e caminhões.
Além disso, a recente greve de caminhoneiros e terminais portuários, que pediam a verificação de restrições sanitárias no país, permitiu mais atraso ao sistema já carregado. Ou seja, mesmo que a greve tenha acabado, a situação continua difícil, pois os caminhoneiros precisam recuperar o atraso de aproximadamente uma semana gerado a partir dessa pausa.
Estados Unidos
Aproximadamente 200.000 contêineres permanecem em navios ao largo da costa de Los Angeles na segunda-feira (18).
A região fez algum progresso na movimentação de contêineres desde que o presidente Joe Biden anunciou, na semana passada, que a operação portuária seria de 24 horas por dia, 7 dias por semana. O porto é o maior do país em volume de contêineres.
Uma imagem de satélite capturada em 10 de outubro de 2021 pela NASA mostra mais de 70 navios esperando para atracar e descarregar nos portos de Los Angeles e Long Beach.
Ainda que exista a aceleração no porto, parte da solução do problema é encontrar caminhoneiros e caminhões para retirar os contêineres do porto. Cerca de 30% dos atendimentos disponíveis para caminhões para pegar cargas no porto estão sem uso.
Em Nova Iorque, os atrasos nas embarcações, atualmente, variam em até 4 dias em comparação com as programações anteriores.
A utilização de espaço no porto varia entre 70% e 99%. Essa é uma permanência de importação continua, aparentemente, maior do que se espera. Todo espaço disponível nas embarcações está sendo utilizado para evacuar o excedente de equipamento vazio.
Os tempos de liberação dos portões se estabilizaram perto dos níveis de serviço estabelecidos, mas novas melhorias são esperadas. Dois dos terminais estão oferecendo portões aos sábados para facilitar o aumento das entregas de importação.
Na Filadélfia, o congestionamento continua grande e deve se estender ao longo dos próximos dias. Os atrasos nas embarcações, atualmente, variam em até 4 dias em comparação com as programações anteriores.
Com a utilização dos portos perto do limite de capacidade, a alta utilização do pátio está afetando a produtividade em todo o processo logístico.
Já a capacidade do terminal de Savannah está em 85% de utilização.
Os navios estão atrasados em até 8 dias, em média, aguardando atribuições. O novo atendimento por ordem de chegada, iniciado em 28 de agosto, não tem demonstrado grande impacto até o momento na organização dos portos. O congestionamento do cais continua com um mínimo de 20 navios a cada semana.
Qual a expectativa do mercado sobre a cadeia de suprimentos?
A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, disse nesta terça-feira (19) que os problemas nas cadeias globais de suprimentos devem permanecer por “vários meses” devido à falta de contêineres e às incompatibilidades entre oferta e demanda.
As declarações foram feitas durante um evento organizado pelo jornal “Financial Times”.
Outro problema, segundo a diretora-geral da OMC, são as disparidades nas taxas de vacinação contra a covid-19 entre os países. Enquanto os países mais ricos já avançam na recuperação econômica, os mais pobres continuam em dificuldades, já que, além da falta de vacinas, não possuem o mesmo espaço fiscal para apoiar as economias.
Dúvidas sobre como fazer o embarque da sua carga? Entre em contato com a nossa equipe de especialistas.