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Saldo da Balança Comercial brasileira baterá novo recorde em 2023

Por Ecio Costa, professor e economista

A balança comercial brasileira atingiu saldo recorde para o mês de setembro, com US$ 8,9 bilhões. A estimativa de saldo para a balança comercial em 2023 foi revisada, após esse forte resultado, para uma nova estimativa de valor recorde de US$ 93 bilhões. O saldo representa a diferença entre exportações e importações e sofre influência das tendências de mercados. No atual cenário, grande parte desse resultado vem da desaceleração econômica mundial, que tem derrubado o preço das commodities, que tem impactado as importações brasileiras, mas com as exportações apresentando resiliência.

O resultado de setembro veio de uma queda significativa de 17,6% das importações para o mês por dia útil, na comparação com o mesmo mês de 2022, mesmo com uma elevação das exportações de 4,4% por dia útil para o mesmo período. Com isso, o saldo da balança comercial disparou 153,1% em relação ao mesmo período de 2022 e a corrente de comércio caiu 5,8%.

A forte queda das importações vem dos combustíveis, que apresentaram uma forte variação de valor importado negativo em relação ao mesmo período de 2022 (-44,5%), mas também da queda de bens intermediários (-17,6%). Esta queda reflete a desaceleração internacional no preço das commodities, mas também dentro do país, já que o volume importado também caiu.

Por outro lado, as exportações avançaram novamente puxadas pelo setor agropecuário, com crescimento de 22,2% em valor. A indústria extrativa também apresentou crescimento, com expansão de 14,9%. Ambos apresentaram queda nos preços médios. A indústria de transformação, por sua vez, apresentou queda de 6,1%, perdendo em volume e preço.

No acumulado do ano, o saldo recorde vem se juntando a partir de uma forte queda das importações de 11,3%, tanto em preço quanto em volume, com uma resiliência das exportações, que mantiveram um crescimento de 0,4%, principalmente pelo aumento do volume exportado, já que os preços também apresentaram forte queda na comparação anual.

O desafio para este ano está em manter o valor das exportações em crescimento na comparação com o mesmo período de 2022. A corrente de comércio apresenta saldo negativo de 4,8%, mostrando que a desaceleração internacional também ocorre aqui no país, um resultado preocupante, apesar dos recordes recorrentes nos saldos da balança comercial.

O resultado desse ano vai trazer mais tranquilidade ao cenário externo brasileiro, num processo que vem se consolidando nos últimos anos. O Brasil tem um saldo sempre negativo do Balanço de Serviços e Renda com o resto do mundo, ou seja, o país envia muitos recursos para fora como pagamento por empréstimos, royalties e lucros de filiais de multinacionais instaladas por aqui. Com saldos muito positivos da Balança

Comercial, essa preocupação é resolvida e o Balanço de Pagamentos se torna positivo, ajudando a aumentar ainda mais as reservas internacionais. Esse é um processo muito parecido com aquele que o país passou nos anos 2000 com o boom das commodities agrícolas. O desafio é fazer o dever de casa certo para poder aproveitar esse momento internacional oportuno que o país passa e poder se desenvolver economicamente.

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