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Brasil bate recordes de superávit comercial em junho e no primeiro semestre

Por Ecio Costa, professor e economista

 

O superávit de US$ 45,5 bilhões da balança comercial brasileira registrado no primeiro semestre desse ano foi recorde em toda a série histórica da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC. O superávit de US$ 10,6 bilhões da balança comercial também foi o maior para os meses de junho em toda a série histórica.

Esse é um dado importante que mostra a dinâmica do comércio exterior brasileiro, principalmente das commodities agrícolas. O resultado veio, apesar da corrente de comércio ter caído 12,4% em junho desse ano na comparação com junho do ano passado. As transações ainda assim continuam em um patamar elevado.

O comércio teve uma exportação menor em junho na comparação com maio, mas foi o segundo maior valor para os meses de junho. As importações também tiveram o segundo maior resultado para os meses de junho. A exportação caiu 8,1% em valor pela média diária influenciada, principalmente, pela queda de 15,2% do preço dos bens exportados na comparação com o mesmo mês de junho de 2022.

Apesar dessa queda, as exportações atingiram US$ 30,1 bilhões em junho, o segundo maior valor da série histórica para o mês, e as importações somaram US$ 19,5 bilhões, também o segundo maior valor. Já no acumulado do primeiro semestre, o país teve um superávit de US$ 45,5 bilhões na balança comercial, registrando o recorde da série
histórica iniciada em 1989.

O valor exportado de US$ 166,2 bilhões foi recorde para o primeiro semestre em toda a série histórica. O volume tem apresentado os maiores valores da série, enquanto os preços vêm caindo. As exportações cresceram 8,7% em volume no acumulado desse ano em comparação com o mesmo período de 2022. Já os preços caíram 6,8%.

O crescimento acima do esperado das exportações e no saldo da balança comercial no primeiro semestre vem contribuindo para uma revisão para cima da projeção para a corrente de comércio e o resultado no final desse ano. A expectativa agora é que a corrente de comércio de US$ 575,2 bilhões em 2023 venha US$ 10 bilhões acima da projeção anterior.

A previsão brasileira é melhor que dos seus vizinhos. A Argentina sofreu recentemente com uma seca, afetando sua produção de grãos. Apesar disso, a expectativa é de saldo positivo de US$ 11,8 bilhões na sua balança comercial em 2023. Já Chile e México devem ter superávits mais moderados, com US$ 9,8 bilhões e US$ 8,15 bilhões, respectivamente. Colômbia e México, porém, devem apresentar déficits na balança comercial, com US$ 10,2 bilhões e US$ 21,8 bilhões, respectivamente.

Um aumento na corrente de comércio mostra uma maior ligação do Brasil com o comércio exterior, tanto pelo lado das exportações como pelo lado das importações. O Brasil ainda é uma economia muito fechada, representando muito pouco do comércio mundial. A participação das exportações no PIB brasileiro vem aumentando, mas ainda é muito baixa, na comparação com países mais abertos, que chegam a ficar acima de 100%.

É importante que o país tenha saldos positivos da balança comercial, pois as exportações ajudam substancialmente para fechar as contas externas do país, mas que tenha também importações não caindo drasticamente, porque muitas dessas importações são utilizadas para a indústria nacional, são bens intermediários ou insumos, e se há queda, isso significa que a economia está desacelerando.

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