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Dólar sinaliza enfraquecimento com o Soft Landing nos EUA

O Dólar chegou a ficar abaixo de R$ 5,00 no Brasil, no menor patamar desde junho do ano passado. Dois fatores principais influenciaram para que isso pudesse acontecer no país, mas que também podem influenciar outras economias, principalmente as emergentes.

Primeiro, a balança comercial brasileira fechou 2022 com um saldo recorde. Isso significa que há Dólares entrando na economia como resultado do excesso de exportações de produtos brasileiros em relação aos produtos importados do resto do mundo. Esses Dólares precisam ser convertidos em Real até para que as empresas exportadoras possam comprar novos insumos a serem usados em seu processo produtivo. Então, quando isso acontece, há uma pressão para desvalorizar o Dólar e valorizar o Real. Esse é um dos motivos importantes para que o Real venha se valorizando no período mais recente. Alguns analistas, inclusive, precificam o câmbio alvo para algo em torno de R$ 4,75 por conta do saldo excessivo da balança comercial.

O outro motivo acontece por conta da decisão dos bancos centrais brasileiro e americano na última reunião ocorrida em 01/02, na Super Quarta, com relação às taxas de juros de ambas as economias. No Brasil, o Banco Central manteve a taxa de juros em 13,75% ao ano e com uma perspectiva de que os juros não venham a cair nem tão cedo e, talvez, até sejam elevados, segundo o comunicado do Comitê de Política Monetária do Banco Central, caso a inflação dê sinais de descontrole. Ao se comparar com os EUA, o Banco Central americano (Federal Reserve) elevou as taxas de juros novamente em 25 pontos base. Apesar desse aumento já ser esperado pelo mercado, foi num patamar menor que o anterior e o comunicado emitido por eles indicou que a economia vai entrar em um soft landing, um pouso suave. Isso significa que os aumentos futuros das taxas de juros para conter a inflação devem ser menores do que o mercado estava esperando.

Com isso, a moeda americana perdeu força em relação às moedas do mundo inteiro, principalmente nos países emergentes, como aqui no Brasil. Como o diferencial de juros entre os dois países vai continuar alto, isso faz com que investidores internacionais façam empréstimos lá nos EUA e tragam os recursos para o Brasil, comprando títulos do Tesouro Nacional que estão remunerando muito bem, com uma Selic a 13,75%, num procedimento chamado de arbitragem. Esse movimento especulativo pressiona o câmbio, desvalorizando o Dólar Americano em relação às moedas de países emergentes.

Apesar disso, como contrapeso, se o Brasil mantiver uma política fiscal muito expansionista, ou seja, se gastar muito mais que arrecada, aumentando o déficit público e consequentemente a dívida, o câmbio pode ser influenciado na direção oposta. Esse cenário traria pressão para que investidores saíssem do país porque o país estaria oferecendo mais risco de calote, desvalorizando o Real. Agora, se a política fiscal não for tão expansionista, provavelmente a inflação não vai subir tanto e o Banco Central iniciará o processo de diminuição da taxa de juros, mudando as expectativas do câmbio novamente.

Para o Brasil, e demais economias emergentes, é preciso promover o comércio internacional, gerando saldos positivos de balança comercial, mas com uma corrente de comércio (o somatório do total das exportações e importações) elevada, para ajudar no câmbio e controlar melhor a inflação gerada pela pressão dos preços de bens importados. Com isso, as políticas monetária e fiscal ficam mais fáceis de serem conduzidas.

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