O próximo ano receberá de herança as mudanças no cenário econômico, eleições em diversos países que mudam a maneira de fazer negócios em geral e, principalmente, a pandemia, que segue sem perspectivas claras sobre início de vacinação.
Os cenários no Brasil e no exterior sobre a economia e a inovação influenciam diretamente as perspectivas para 2021. Mas, antes de discutir e procurar entender essas tendências, é necessário realizar um balanço sobre os principais acontecimentos de 2020 que afetaram o comércio exterior e influenciarão os próximos meses.
Destaques de 2020
O começo do ano foi marcado pelo medo e a necessidade de reinvenção para se adaptar a pandemia do Covid-19 e ao distanciamento social. Dessa forma, diversas empresas começaram a utilizar o home office como modelo de trabalho.
A situação gerou tanto pontos negativos quanto positivos. Para Denis Tortolero, managing director da Pluscargo, a experiência foi um sucesso e promoveu aprendizado e crescimento profissional para todos.
“Eu vejo como ponto muito positivo essa nova realidade em que valorizamos pequenos hábitos que foram perdidos, como estar com a nossa família, compartilhar momentos com os nossos filhos e ter um pouco mais de tranquilidade no trabalho”, afirma o diretor.
Tortolero ainda avalia que a qualidade do serviço melhorou com o trabalho remoto e que os trabalhadores passaram a ser mais atentos aos detalhes e dedicados.
Da perspectiva do comércio exterior, houve aumento nos fretes, como é o caso do marítimo de contêiner, que deve finalizar o ano em, aproximadamente, R$ 5 mil dólares da Ásia para o Brasil.
O modal aéreo foi o principal afetado durante o ano ao ser reduzida em 95% a oferta de espaço. Para Cassio Torres, diretor da Pluscargo, o fluxo de informações foi essencial para acompanhar o frete aéreo.
“No aéreo, no início do ano, vivemos as inflações da China e os fretes a mais de vinte dólares por quilo. Agora com a segunda onda na Europa, os fretes estão completamente oscilantes. Você tem que rever fretes diariamente e isso mata qualquer planejamento de importação. A gente precisa ser extremamente criativo e criterioso. Trabalhar e oferecer cada vez mais informação”, explica Torres.
Outro grave problema foi a questão de inventário, principalmente evidenciado pela China e pela Índia. As estimativas dadas pelos países, é que a falta de container deve perdurar até pelo menos o Ano Novo Chinês, final de janeiro e início de fevereiro.
Perspectivas para 2021
Apesar de ser complicada a tarefa de mostrar os cenários possíveis de 2021, especialistas da Pluscargo acreditam que o primeiro trimestre do ano será difícil e que posteriormente haverá uma recuperação econômica gradativa.
As estimativas para o primeiro trimestre são a continuidade dos fretes elevados e o fechamento de muitas empresas devido a pandemia. Ainda, há uma preocupação quanto a oferta de carga, uma vez que, atualmente, há uma baixa demanda alinhada a uma recuperação econômica e às festas de final de ano.
Os especialistas afirmam também que a incerteza quanto a vacinação e os cenários políticos no Brasil e no exterior podem influenciar muito o cenário.
Para Tortolero, o diferencial para 2021 é a experiência adquirida em 2020:
“A gente se adapta a essas dificuldades. Eu acho que o empresariado e as pessoas aprenderam muito. Agora com a segunda onda, a gente já tem mais ou menos uma ideia de como agir, como trabalhar e como manter o barco navegando. Por isso, eu tenho convicção de que o pior já passou, ficou lá atrás e já aprendemos a viver um pouco com isso”.
Torres, por sua vez, destaca a inventividade como uma forma de se fortalecer em 2021:
“Eu acho que desenvolver capacidade de observação, além do usual, é uma dica que a gente pode passar para nós e para o mercado. Pegar aquele problema, aquela dificuldade e tentar enxergar além daquilo. Procurar que soluções a gente pode tentar propor para sair daquela situação de uma forma melhor”.
